Palavra de risco

by Risko

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1.
BOM DIA 01:55
Bom dia. Quero falar. Alcançar a consciência de cada um, mas enquanto dou o meu sermão, não há nenhum peixe. Mas não me queixo e deixo a minha voz sair. Falo a sós para o lago onde mando vir comigo próprio, quase com ódio quando o excesso do ego só quer um pódio. Animal endiabrado, embriagado pela fama, mas acaba deitado no próprio vómito… Distorcido, apaixonado por uma falta de juízo. Agarro nos defeitos e levo-os a ver a via. Somos feitos, de feitos com teimosia em alcançar a perfeição eternamente numa azia. Até ver nascer o dia, à noite ruas estão lotadas. Cabeças ficam vazias à procura de uma entrada na disco, onde linhas e curvas não pagam nada. Visões turvas. A praça fica cheia de olhares que estão à caça de quem “dila” ou quem procura companhia. Algumas passam e seguem, outras passam e esperam de um passo em falso, em queda de para-quedas no enredo de uma noite só. A voz solta "gemedos" de prazer. Sem medo, dedos percorrem a sós a pele alheia dos segredos. Temo o que vejo pois, temos o rei na barriga e nós tão longe de sentimentos. Sinceramente, caguei. Rimo o que sei. Não esculpo frases pra que se encaixem nos conformes de uma lei. Eu curto beats e rimas, e algo mais pra relaxar. Eu tenho tiques, manias e a preguiça pra controlar por isso eu sou gordito… Mas acredito na minha mãe que diz que sou bonitinho. Gosto de uma boa conversa se me conseguires soltar. Analiso demasiado e isso vai-me matar. Sou um pouco irritante no que toca a criticar. Da-me um motivo decente e eu abanco pra te escutar, estou aqui pra te ajudar.
2.
RISKO Eu falo como nunca falei. Sempre tentei fazer a prática, com táctica sádica, no que dei assim. No fim, não passou de uma explosão, com ódio e sem noção, daquilo que tens em mão. Complicação em mim, é matemática. É o que sinto, num compasso ponho o cinto, condutor no labirinto. Vinco na tua página — “Onde já chegaste?” Ver secar aquelas águas, onde um dia te afogaste. Pensaste ser tarde, mas parte do parto que eu faço, quando dou à luz, são palavras levadas por um abraço. Num espaço, onde o meu passo é pequeno e delicado, num assalto à minha mente por ter tanto guardado. Por ter tanto pensado que o prado já tinha ardido, quando nem metade do meu mundo tinha conhecido. Não atiro culpas, agradeço embora o preço alto. Tantos pregos, espetados no pé descalço. Eu falo e não me calo. JUKAMANO Não há nada a perder e só nos resta saber, se o caminho que falta virá por bem. Eu só te quero dizer, que o tempo passa a correr, vivendo numa volta esperas quem não vem. RISKO Eu visto o RAP quando dispo a minha alma, numa revolta exposta ao mundo que me acalma. Assalta-me a sala, num salto, à pala do meu descuido. Eles podem levar tudo, mas não te levam a fala. Eu estou na ALA 6 e vejo em ti quando vens, ao salvamento da minha mente, com lápis e papeis. Contens em ti, o que entretém e mantens a sanidade longe da margem. Ninguém pode apontar o dedo! Puxo do medo e vejo uma razão para não ficar imerso. Faço um verso, com noção do mundo e fico mais completo. Fico perto do abismo, sinto o sismo que abala, mas o som traz equilíbrio e a voz não se cala. Do cimo da colina, grito. Firme, acompanhado sigo. Traçamos caminho e vinco, contigo. No papel, exprimo a fuga deste mundo e desenho a revolta, a caminho, sem direcção, mas numa ida sem volta. JUKAMANO Não há nada a perder e só nos resta saber, se o caminho que falta virá por bem. Eu só te quero dizer, que o tempo passa a correr, vivendo numa volta esperas quem não vem.
3.
Tempo, sempre nunca lento. Tento não comentar e rebentar só por dentro. Concentrar a mente num momento, quando o vento leva pensamentos que fogem de mim, como respostas. Demónios, estão atentos às tuas atitudes e o KARMA é negativo para saberes que há quem te escute. Recrutamento de pessoas que fazem o brinde, navegam na INTERNET como espiões ao pé do crime. Um arrepio, fica longe do mundo. Em falta de confiança, exalta o medo nos olhos. Vês-te a sofrer da alma, que aos poucos, nesse corpo perde calma. — "Salta!” Dentes bem afiados, habituam-se a calcanhares, porque ares estão tão diferentes como a sorte deixou de estar serena. Mas, também já não me importo. Se o mundo anda sóbrio, então prefiro ser o louco, que na escrita faz a prece. Escuta. Escuto o lá fora e o apitar da pressa. Alheio na minha, passo breve nessas conversas. Comentam meras metas, discretas, que eu levo comigo. Com mais motivos, pra não ser um bom amigo, desilusões já fluíram em diferentes situações da minha passagem por esta via de peões. Vida com serões a ver uma série no sofá, ou até às cinco da manhã, só para ver o que um verso dá. Cansado de estar em pé, aos gritos, no estúdio do Zé. Risco nos trips matinais. Pede mais café com microfone, ciclone tropical na mente, que me consome e acabo vegetal. Dormente, arrasto o porte. No instrumental, anexo fortemente, o intuito de não ser mais um vulto que foge da luz. É muito e somos fracos; ficamos cacos, no chão, colados; desmotivados; desnorteados; abandonados, enfeitiçados pelo espelho deformado. Vasto caderno, defeito em quantidade suficiente. Largo o peso do peito, quando aceito cada falha. Ele quer respeito, por isso, malha para que a rima valha.
4.
Somos defeitos, que deixam feitos no puro ceio, por cego anseio. Só por desejo, mordem o seio da mãe Terra, no leito, perto da morte; longe da sorte de um filho forte mentalmente, que se importe mais que o decore da fera. Sem um escudo, uso tinta que pinta em estudo, em busca de um risco astuto. Na folha, escrito um susto aflito, a custo de pedir ajuda à mão do bruxo, que te leva fundo pela toca do coelho atrás do tempo. “TIC-TAC”, sempre atento. Toque dado, pelas ruas da idade e os planos dizem adeus. Triste, na plataforma, como alguém quando o comboio bazou. Mas, ele não notou quando a rotina o agarrou. Ele ainda perguntava: “Quem eu sou?” No "flow" dessa semana, trabalho, comer e cama. Descanso. Horas enganam quando passam devagar, entre tanto que acontece no processo do acaso, que é o destino, a cada passo dado no teu verso. Pormenores pra ser “boss”, não dependem de ter um PORSCHE, “bardamerda” PANAMERA. Estão com cinto posto e eu não sinto muito, pela mente presa no consumismo por escolha própria. Excessivo de um ser enaltecido, a mostrar a posse… E eu só posso concluir que: A ilusão é enorme, não há luz que a contorne. Vivemos na escuridão, na sombra de uma questão. Humanidade controlada na cegueira da razão. Tempo picotado, picado pelo vértice de um Picasso. No tecto, Pollock impera no meu quarto. Revelações, timbrado em tons que brilham longe, perto do sonho cravo, que a estrela ainda esconde atrás da face crua, que a lupa sonda como a Lua. Olhos, agarram-se ao teu corpo, brilham no infinito de uma sombra, onde há sempre quem nos esconda quem nos conta o que é verdade. Pinóquios invadiram as montras dessa cidade, como actriz à mesa com manequins. Nas lianas do jasmim em sangue, seduz o brilho de cetim, que beija como carmim. Tudo em ti, já diz que sim, porque a fama quer, mas digo-te no fim que eu: Eu não vou deixar que o preço da vitória, me vá controlar com o peso da memória. Eu não vou ficar mais preso nesta história. Viver no agora porque é hora de acordar.
5.
LIÇÃO 02:28
Tudo começa no Algarve onde dei o primeiro passo. KIMAHERA no compasso, e o MIC no mesmo espaço. É claro que estava fraco sem rimas com atitude, mas sempre com humildade e foco no conteúdo. Respeito acima de tudo para quem nos dá a mão e não só. Aprendizagem no REC com o REFLECT, como ser FAT no RAP. Na TRACK em STEREO, esforço com mérito, louco, dou socos tal um KICK. Nos meus cadernos tenho infernos para métricas que envolvem um mistério, não é só canhões porque isso é só pindérico. Há mais nas letras salivadas do que a baba que eles babam, quando a moca agarra de já ser tanta cabeçada. Tenho afeições com melodias, estão compassadas por batidas que dão impulso a emoções. Ao contrário de quem se veste por tostões. Sermões no meu quarto com insónias e trabalho no sentido narrativo da minha arte. Passaram fases, ficaram abraços pra trás que deixaram saudade em mim. Até que cheguei aqui, Coimbra. Cidade bela na vida, nas ruas sem um palco onde a calçada tem batida. Coimbra, cidade bela. MABRO; RUZE; RESISTÊNCIA bem para além do Avenida. Coimbra, cidade bela com céu de tela dourado. Apaixonado desde o meu primeiro dia. Coimbra. Foi quando conheci o CAPITÃO da pura Pampilhosa, onde Hip Hop forma putos que rimam já como homens. Que desenvolvem, observam e resolvem ser a voz das palavras que não nos envolvem só a nós. Fizemos uns FEATS, rachámos uns BEATS até que tivemos um convite pra partir em São Silvestre com os HHART e RESISTÊNCIA, e eu pouco à vontade numa primeira convivência, mas sempre motivado pra escrever mais e mais com fé. Até que nasceu o sonho: VELHA CAPITAL é onde ponho a alma! Macacos atrás de BEATS a partir até ao fundo na Alta, nas escadas da igreja para o mundo, mano tem calma. Cuidado, é o circuito da palavra. No meio de gente bem-disposta, escrita improvisada. ÀS BEIRAS DO HIP HOP fizemos um bacanal no AVENUE com BREAKDANCE. Sem BREAK tanto quanto um escravo da frequência que nos bombeia. Chamámos convidados porque Hip Hop está nas veias. VELHA CAPITAL CREW, da cidade bela, nas ruas sem um palco onde a calçada tem batida com assunto nela. CREW de Coimbra onde o RAP é forte, longe dos media porque só mostram pataqueiros como tu atrás da WELLA. Mas depois disto, fica morto. Alguém lhe acenda a vela.
6.
EU SOU 04:13
Deixo o controlo dos movimentos ser feito em qualquer sitio pelo ritmo. No caderno sem linhas, a escrita é livre. Liberto a mente. Sou um produto do tempo que passei a produzir-me por dentro, no ventre da inspiração. Nem via a luz no centro da escuridão. Fui alimento no prato do Receio. Hoje faço o estudo no estúdio, lúcido com sentimento único em brincar tipo um fedelho: - Conecto lexicalmente versos. Vocalmente com a mente em nexo. Musicalmente certos no compasso como passos. Metricamente, quente no encaixe. Sexo com a língua portuguesa. Fielmente estou completo. Represento a união com as batidas sem tribunal. Verbalmente expresso o amor por elas. Incandescente chama vital. Nunca vi tal mente que se apaixonasse assim tão vivamente por libertar um pouco o ego; escrever como um louco alucinado por isto e mergulhar no risco de aos poucos deixar fluir... Se eu não rimasse como penso e ficasse suspenso sem mostrar quem eu sou... Então não seria diferente do que dispenso: Não ter sentimento no que escrevo! 2x Não rimo num formato que o mercado te deu e tu dizes que é teu. Eu rimo como sou. Não rimo sem o espírito aberto, disperso no universo. Eu quis ficar à parte e tu sorris por veres um estado puro de estupidez? Eu sou um par de unhas a roçar onde escreves a giz - no quadro - fiz um holocausto. Ninguém fica a salvo, eu sou pior que o Fausto. Mago e alquimista sem fazer um pacto com o Diabo. Fecha os olhos, sente. Abana o corpo rente à musicalidade. Tenho a música amarrada, trancada na minha cave. Eu quero a chave do cadeado para poder soltar o flow sagrado. Puxado pr'ó que sinto em privado. Ritmo é invocado. Tenho navegado num mar estranho. Sou apanhado no meio de ondas negativas que o mundo tem emanado mas eu não me abstenho em seguir a minha vontade. Se eu não rimasse como penso e ficasse suspenso sem mostrar quem eu sou... Então não seria diferente do que dispenso: Não ter sentimento no que escrevo! 2x Mas calma, vou tentar escrever um verso simples de entender. Porque este mundo tem olhos mas nem consegue ver. Não vale a pena vir rimar com palavras caras e fazer simbiose se não tiveres alguma marca à qual tu faças promoção num vídeo-clip. Tem atenção, juventude tem atitude de quem não tem a noção da realidade manipulada. (Mas isso é conspiração...) - "A que horas dá a novela?" - "Vai ver à programação." Existe tanta tentação e tanta complicação, numa confusão nefasta que estraga degustação. Numa geração que se alimenta daquilo que dão. São a nova promessa imersa na depressão. Só vejo patas e patos de cu espetado. Rappers todos quitados com drogas dentro do carro. Ilusão de que tens tantos amigos e seguidores; miúdas "nuas" no Insta para que eles morram de amores. Viraram monstros em tombos nos quais encontro vício por uma moda que se acomoda num assombro. Ódio que se alastrou com a semente desde o início que te incentiva a ser "diferente" de todos sem seres tu próprio. Se eu não rimasse como penso e ficasse suspenso sem mostrar quem eu sou... Então não seria diferente do que dispenso: Não ter sentimento no que escrevo!
7.
ELEGIA 02:51
Saio de casa e ponho o pé na noite limpa. Cheio, no cheiro da brisa que alicia descobertas com vontades. Balcões, são metas para grupos que se movimentam pelas ruas. Paredes falam de festas e de amassos. À porta, aglomerados de pessoas em conversação, procuram vários tipos diferentes de diversão. O fumo, paira no ar, com aromas e vício para libertar o à vontade. No bar escolhido, olhos alheios, observam de um canto. Sócio, que veio só beber um copo. Sóbrios, são poucos. Vozes no "background", misturam-se no som. Outros, exibem os dons com movimentos no corpo. Na pista, à vista de uma conquista que se fisga no acaso e não se fica no primeiro pedido. A fila aumenta, como o quente do ambiente. Aqui, ninguém é inocente. Assenta só um pouco. Sente aquilo que um louco sente - PESADO! Há quem tente novamente, ter uma nova mente, e a Lua Nova, mente. E eu só dou "props" a quem quer ter uma "NOVA ALMA", porque a face, é só mentira colossal no ventre humano - aquele maior engano, de sempre. Sonhamos. Não voamos, tentamos. Incoerente rato, impaciente, indiferente ao seu semelhante. Distraído em reclame e ainda há quem reclame, só porque sim. Há quem engane, só para no fim alimentar a gula. Tem calma, recua. Pensa no que a mente actua. Espelho, tu escusas de me apontar o dedo. Indicadores atiram, mas é sempre em segredo. São impostores. Tocam sirenes. Actor; actriz; imperatriz, que mente quando geme. Não sente quando treme. Não ferve quando sente. Só corre atrás do tempo, até ficar sem tempo. E sempre foi assim, o mesmo para mim e para ti, atrás da sina. Parado num emprego para ter guito, para fugir para o infinito particular. Mito esculpido num abrigo literário. Cito, convicto, num recinto imaginário. Repito: Compito só comigo. Não fico estático... E se estou tenso, tiro um tempo la fora, sozinho ou acompanhado e volto lá para dentro. Como toda a gente, com a birra à frente e se o BEAT toca no sistema, não me sento. Vou mesmo lá para a frente da coluna, e abano a minha coluna, tipo um doente sem medicamento possível para cura. Mesmo que houvesse, não teria poder monetário para ter meios de contactos, para comunicar com estado, para darem um recado para poder comprá-la... Porque eles dizem: - "Não há cura." Mesmo que houvesse, não teria poder monetário para ter meios de contactos, para comunicar com estado, para darem um recado para poder comprá-la... Porque eles dizem "NÃO!" à cura.
8.
Pessoas distraídas na fantasia do poder. Cada um na sua vida. Feitiçaria que nos consome e faz-nos consumir. Dentro de um autocarro, sonhador em rumo do estrelato. Catalogado ou numerado. Racismo num anonimato rege cordas que nos agarram e comandam como querem. Ficamos num privado gravado em todo o lado mas "para tua segurança". Entretidos com cenas triviais, como arrobas nas palavras. Vê quem nos crava tempo e distrai numa espiral que nos ilude. As voltas à cabeça são demais! Pensa na pessoa igual a ti e não em géneros. Cada um defende um lado. Ser-humano inconformado por haver distinção. Puxam gatilhos contra opostos, entram em contradição. Dias de Sol têm traços no céu. E em cima de todos nós, estendem um véu que nos infecta como sementes na mente, quando dizem que o que fazes não presta. Atesta o ego mas pelos motivos certos. Independentemente de opiniões alheias. Porque incessantemente a inveja esperneia, quando a pessoa só anseia ver o mal nos outros. Aos poucos, são corroídos pelo veneno da serpente que as seduz. Conduz até ao beco da rotina que tenta num harém de opções. Onde pagas com a vida, dás o tempo que tu não tens. E eu licenciado. Como imensa gente: desempregado! Com aqueles que não querem fantasia; estar na rotina com as cordas da bruxaria. Estou com o povo a ser jogado de joelhos com pulso marcado por mentirosos que cobram com farda! Como farsa, querem que eu seja permeável, e então que minta? É o mesmo que quererem que uma pedra sinta! Eu não cedo a minha fé! E fica bem ciente: Ele veste prada. É quem te agrada. E não se reconhece daí não ser reconhecido. É cópia de uma cópia de um ser adormecido na ilusão porque vendeu-se ao compromisso em não ser fiel. Quanto vale o juízo moral de uma pessoa sem palavra? Mentiroso! Punem o povo com IVAs. Deixam o povo com ira! Tantos quiseram e não seguiram o caminho que queriam. Sonhavam, voavam na juventude e aventuras. Outros, infelizmente, rastejavam na penúria. Conheço alguns: pessoas de bem ou de mal, não interessa. Somos todos pessoas e o resto é só conversa.
9.
A Deus 03:45
Frio incomodo como ir comprar tabaco à esquina num dia cinzento. Há quem fique insólito com cimento nas emoções que o tempo gasta. Talvez não fosse um mau começo construir um forte, nem que fosse rasca. Reconheço que o preço de entrega passa por tempo que tu não tens. Bom dia, relento. Gelo no espírito, do congelar do físico. Batimento cardíaco rítmico, pulsa um impulso rimático. Como Ícaro, voa como um rasto de fogo no pano azul. Como tinta, marca folhas com palavras para estúdios. E um corpo é só um rosto, sentado numa cadeira de madeira, com pensamentos e um copo longe do público. No meio de todo o fluxo, um luxo em estar presente num presente que não te roube o momento à espera de algo que pode não vir; de algo que pode não ter; de algo que pode não ver; de algo que pode não ser próprio. Mas há botões encarnados com impressões digitais dos dedos do impulso que age com ódio. Daí sentir-me deslocado, encostado à parede num canto da discoteca, porque desta vez estou sóbrio. Eu vou embora pra te ver, para ficar a eternidade a conviver contigo. Deixa acontecer o que tiver que ser e se tiver que ser, assim será. Não vou ficar a ver a vida só passar. Eu vou embora pra te ver, para ficar a eternidade a conviver contigo. Deixa acontecer e se tiver que ser, assim será. Não vou ficar a vida só passar, sozinho. Eu tento seguir o FLOW da história no virar de página, tranquilo a viajar em cima de uma nuvem mágica, mas há quem atire pedras. E assim, deixe quebras no chão como um estilhaço em mim: um copo partido. O caos no espaço, não temos espaço lá fora. Vivemos dentro deste mero acaso planeado. E eu vou puxando um maço pra "nicotar" o ambiente, deixar a cabeça quente acalmar. Deixem-me estar! Se vens pra criticar sem fundamento, sinceramente prefiro nem te ver à minha frente. Vou ser sincero no que me compete. Salto de fé, sair do frete e ser exactamente como sou 24/7. Eu vou embora pra te ver, para ficar a eternidade a conviver contigo. Deixa acontecer o que tiver que ser e se tiver que ser, assim será. Não vou ficar a ver a vida só passar. Eu vou embora pra te ver, para ficar a eternidade a conviver contigo. Deixa acontecer e se tiver que ser, assim será. Não vou ficar a vida só passar, sozinho.
10.
11.
RISKO Com desgosto digo que hoje-em-dia vivemos num mundo com artigos falsos em papel ou na NET. Conflitos, consigo vê-los. Todos nós os temos e todos nós sustemos a respiração pra não nos afogarmos neste mar de informação negativo. Tragédias têm foco do noticiário abusivo. Logo o povo fica com medo ou com receio, sem aceitar… Enfim, é como quiseres chamar. Crianças hoje-em-dia já não podem ir brincar, por isso ficam em casa porque os pais agora querem descansar. Tiveram que acordar às cinco da manhã para picar o ponto às oito. O alimento não vai sozinho para a mesa e o preço do combustível só aumenta, juntamente com: a luz; com gás; água. Podes anotar as contas portuguesas. Desta forma, claro que é preciso descanso por dar o corpo ao manifesto. Enquanto a solução é dar um TABLET à criança, pra que ela se distraia e fique perdida num mundo virtual mais violento que o real. Não recebem atenção então crescem com a carência, que se alimenta de um LIKE. E tudo o que ela aprende são modas. Sem valores, no meio dessas redes sociais é importante todos saberem pra onde vais; com quem estás; o que fazes; o que comes; onde choras; onde dormes; o que bebes; onde fodes; o que lês e onde corres. Qual o gosto? Tira SHOT, SELFIE no mural composto. Um rosto que ele apresenta, escolhido ao pormenor, atrás da perfeição à vista.... Narcisistas. Eu só vejo é gente doente da vista. É incrível como é fácil ligar os pontos, a causa do problema vem sempre do mesmo lado. Basta só pensares e vês que o problema é da semente da tentativa de controlo do sistema do Diabo. PP Antílopes e mamutes estão miupes, mas porquê? Em miúdos, ficam mudos com os truques da tv. Papam TUCS com pirukas, nunca viram uma BD. Mas depois de ver o Goucha viram todos pra "PD". Vês o reino virar treino até serem uns robôs, dás um peido com mau cheiro la no meio dos cocós. Ficas leigo com paleio que te dão os teus avós, não entendes um "pintelho", ninguém ouve a tua voz. Só vives do ecrã, pudim FLÃ e arroz-doce, viciado no "xamon" sem xamã no calabouço. Pensa ser o talismã do amanhã, mas enganou-se. Depois vira um zé-ninguém, mais um tipo que matou-se. Essa merda nem dá tosse, no teu bairro, és o boss a ver filmes de motocross imaginando a Lara Croft. Lava a cara seu irónico com gasóleo e um isqueiro. Tu não és um tipo icônico, pataqueiro sem paradeiro. Para ti que não te educas, só indicas estar em défice, és um décimo hipotético do que finges numa selfie. Queres ser Messi nessa espécie, mas não passas de um pilecas. Falas muito, não me encantas, tu só cantas com rebecas. "Boboselas" das novelas, mais um merdas que atropelo. Tudo aquilo que aproximas, na verdade eu só repelo. Não procuro o teu apelo, mantém antes a distância, que o meu estilo é do mais negro pra lidar com ignorância. És uma Dolly que quer MOLLY, a sonhar com HOLLYWOOD, fuma uma e já vê póneis a pensar que a "life" é "good". Quer ser "god" quando o "dog" tem mais cérebro e atitude. Depois sonham tanto acima sem pensar na altitude. Dão c'os cornos nesta crosta onde eu tenho o pés assentes, as montanhas são pirâmides que eu ergui já noutros tempos. Projectei com os outros deuses numa sexta-feira treze. Vives preso como um teso pelo preço que te vendes.
12.
Escrever nem sempre é fácil, mas escrevo, e a idade só me puxa e pontapeia-me o tempo. Com quase trinta, tento ainda aproveitar o momento sem ansiedade, para expressar o que penso. Numa abordagem diferente, coerente do importante tanto que me afogo nos pensamentos. Perco, tal como a sorte, o meu norte com movimento incerto. Sem ter o foco necessário por perto, estou certo que há quem espreite e peça para que eu me perca e falhe. O medo só distorce, ele não te move. Contorce um pano e torce, tira forças como um demónio que aparece e só te espreita pelos cantos do pensamento e vence, quando ficas estático sem reação. Uma injeção cospe veneno que se mistura no fluxo de ideias. Não quero ser um mago preso em teias que movimenta braços. Marionetas a passo para uma luxúria com espaço reservado num banco VIP. Eu sigo o ritmo no meio da CREW, no meio de todos. Pertenço ao povo. Tento juntar-nos. Um elo de ligação. Espírito em corpo. Conjunto, sem divisões. Mete as questões importantes em cheque, em munições verbais. Esvazia cartuchos quais são as forças que te movem a produzir, esculpir detalhes contra quem quer que falhes? Quase és tu próprio que te bloqueias. Esperneias por liberdade, mas rasteiras estão atentas pra que malhes. E fiques preso a dúvidas que deixam dívidas de vidas por pagar. O tempo já não volta. Desorientado num rumo, bloqueado por tudo me orientar para o consumo de produtos, como se fossem preencher o vazio. Por não expressar que sou humano; que erro; berro quando dói; que sinto frio.
13.
Já é tempo de sair de casa. Abrir a mente fechada, acostumada, que sente conforto em frente de uma antena programada que nos distrai. O ego, que cego padece com um prego na cadeira, com acesso ao mundo todo e a vista no ecrã. Mas o mundo não está na caixa. Pega na peça, encaixa, e vê pela manhã quem te rebaixa e, porque sais da cama atrás da vida que só te gasta. A vista, capta facetas que o Diabo espalha e brota. Vírus corrói a horta, humano não se importa, como quem bate assim a porta e mostra o seu desagrado. Como atitudes que fazem moça e nem deixam recado. Há pessoas que não são humanas, perversidade fatal ensinada em fantasias. Manias ocultas em recantos do mundo, crianças alimento o desejo sexual de monstros sem consciência. Com potência monetária, deixam almas em contos eróticos, onde fadas não fazem parte. Num mercado aderido por quem não olha a meios para satisfazer uma só vontade. Humanos descontrolados por interesses; vidas partidas no berço, que não se curam por mais que rezem o terço. O preço de vir ao mundo é ter que vivê-lo… É um prazer bem raro sentires-te vivo nele. Sou crente do amor que temos em nós, como o quente acolhedor da voz que nos salva após quedas. Quando metas estão a distâncias que parecem perto, mas que tu não completas. Temos força de influência mas promovemos o mal. Todos sentimos que ainda nos falta algo. No asfalto, os pés queimam e o salto não é suficiente pro alívio, deste sonho postiço que é mortífero. Nem curto muito falar disso, porque não tive essa vida, mas ser consciente e pensar nisso, enquanto vivo a minha, é importante. Ver que isso não vem ao acaso, porque sei que existe mais ouro na linha dum padre. Falta-nos tanto para alcançar a perfeição, porque se a ligação entre nós não é forte, então tudo é em vão. E vocês hão de pensar nisso, porque eu sou o que vejo no outro, sempre que me identifico. Na inocência de querermos o brinquedo que o outro tem, egoísmo sem sabermos que não vemos quem vive sem um... E nós vivemos como reis. Ainda há tanto que eu não sei.
14.
Acende mais um, na pausa como KITKAT. Inspiração pró rap, não é pausa e um cheque "fat". É pausa no "beat" certo. Na causa, compito cego. “Dear”,“Devil” com "fit pack" de rimas. Consigo sete "beats" de cristal. No meu caderno, reunidos, eu sirvo palavras para invocação do RISKO. No início do final dos tempos, são encantamentos, não há como escapar ao temporal que se avizinha. A situação caminha alegre, em direcção de um futuro de onde não há retorno. Estamos todos desorientados, orientados na rotina que nos ilude melhor que o Luís de Matos. Tripes; escravos de fato dizem e afirmam que são livres. Ovelhas querem criar um pastor, e à pala de uns quantos, entramos todos no "void". Sentados no trono, mas deitados em maus lençóis, enquanto acreditamos que o futuro é promissor: governados por humanoides! Podes esperar que algo mude, mas acredita: nada muda quando falas para gente surda. Ficas num impasse e todos acham que 'tas doente, quase demente, porque não segues o sistema dos vendidos para ouvintes de ouvidos moucos. Atentos a, rimas viciadas em declínio, são apenas promotores, agarrados a uma espada sem bainha. Sem honra, sem palavra, sem valores, no culto à cocaína dos amores. O RISKO é "wannabe" "Fuck You", "modafockar" — Eu sou quem sempre quis. Hoje em dia, querem "bizz", e vendem-se pelo nariz. Só passam a farsa POP, eu sou do HOP que segue os HIPS Está na hora de sair da sombra e repar como nunca ouviste. Sociedade conseguiste puxar o meu lado fixe. Risco na folha branca, mas eu não "snifo" a linha. A minha vida vale muito mais que isso, e noites na "cowboiada" nos copos, para acabar no carro tesudo com alguma Dora desaforada, à "SEXTA-FEIRA", ou dar um "kiss" "kiss" numa Janice. Eu dou "props" ao CHULLAGE e ao KID, com eles eu aprendi: “Ignorância (XL)” “Não percebe(s)” o HIP HOP. Não entro nos esquemas dos vendidos, que aos poucos vão corrompendo o movimento. Dou "props" a quem deixa quem é no bloco. ETERNO; JUKA na luta; CAPITÃO; OLIV "stock" cheio de letras. GUINÉ vivo nos "beats"; ALGORITMO 42, ritmo nos trinques. PP na gare, mostra-te os "kicks"que as rimas deixam na testa. Numa festa com MEDINA, tranquilo no estilo com LAZY EYE. Aquece o clima. Danço e não me canso, enquanto o "beat" estiver no "play". Uso e abuso, com uso do luso que há em mim, combusto empatia, com a caneta nesta via. Na linha, agulha, vinil convida com sinais de vida. VELHA CAPITAL só parte no comentário para aprenderes que a arte não veste um fato de operário.
15.
Para quê perder tempo a escrever algo de jeito? O caos é na mente. Fala silêncio, num diálogo com falta vocal para chegar ao fim. Fora de mim, chora saudade no meu quarto, perto de um quadro. Onde notas vagueiam sós durante horas, por promessas diversas que um dia falharam. Deram à sola. Eram como sonhos na escola que um dia doeram. Quando cais o chão esfola joelhos e cola cicatriz na tua pele. Solta gritos desvairados. Revolta quando a força brota e volta. Sou como Freud: auto-analiso e dói… Então estou vivo, mas estou no limbo a sentir o que rói. E a mente com pensamentos num inferno afastado do paraíso dela. Se um compromisso sobe, cai. Míssil em cima de quem se mantém estúpido, apenas à espera disso. Se ela não quer, eu não fico mas… Se tu soubesses onde estou, vinhas comigo pra onde vou. Tudo o que peço é só amor. Apenas só amor. Fui apanho e estou focado nela como um artista que se foca na tela sem resultado. Emoções entopem o peito e eu sufoco. Ela foge porque ela corre num filme com demónios na mente e eu sei que ela não mente e pelo menos eu tento aprender com isto... mas custa tanto respirar fundo, quando o frio se instala. Estala o juízo porque fica distante; e não se ri tanto; e eu sinto-me irritante. Impulsivo, mas não lhe quero agarrar no pulso visto que a quero ver livre. Por isso, vivo sem estrilho. Apenas faço o cultivo daquilo que sinto num "beat" para pegar fogo ao rastilho... e reacender a chama. Fui apanhado e estou focado nela como um artista que pinta amor numa tela. Se ela não quer eu não fico mas… Se tu soubesses onde estou, vinhas comigo pra onde vou. Tudo o que peço é só amor. Apenas só amor.
16.
RISKO A minha chegada é feita com frases novas, que dão acesso, a qualquer ouvinte, à minha moca cósmica. Não tentes em demasia ver: é auditiva. Metáforas com tacos, fazem moça. Com saliva, ritmos queimam neurónios. São nano-pormenores em rimas, a nível atómico. Rappers patinam na pista, puxam, mas não agarram. São só cómicos, pó. Só dão vómitos, nós puxamos arte contra mentiras pela voz. Tenho orgulho em dizer que o Hip Hop puxou-me o gosto. Nasceu amor, alimentou-se para vir a ser um monstro. No uso e abuso da química, babo a língua portuguesa. Com certeza da rima, que se liberta com firmeza na linha. Palavras conjugadas de mil e uma formas diferentes. Crentes num ritual de rimas com toques novos, que irritam cultos que pensam que sabem tudo. Eu cá adoro ser um gato estúpido, em cima dum muro. Curioso para ver o que está pra lá da linha da luz. Se eles pudessem, espetavam-te numa cruz, até perderes as sete vidas, durante sete dias porque pseudojuízes não têm folgas, só azias. Eu estou "fat", RISKO na linha temporal. Vendaval informativo sobre a vida, numa coleção de histórias, de consciência tranquila. MEDINA, dá-lhes ciência, eles ecoam no vazio de uma vertente sem essência. MEDINA Tudo o que tenho dou a Deus, brinco com os meus ao “Deus-dará” Finto-te com um “adeus", tirando os pneus do sofá. Sempre calmo ou até manso, assim não me canso. Nem desembainho o gume invertido da minha Hattori Hanzo Enquanto houver vagar, hei de rimar sem patrocínio. É de salientar que odeio que me cortem o raciocínio. Não pretendo o domínio, nem nada que se pareça. Missão cumprida se te baralhei a cabeça. Pois, nesta empresa não há troféu nem medalha. Na incerteza, memória selectiva nunca falha. Abater o canalha, mandar a baixo a muralha. Todo burro come palha, só à que saber dar-lha. A minha, dou-te a pala, regala-te com tal pitéu. Por cima desta batida eu faço um risco até ao céu. Eterno réu, tiro chapéu à parceria. Nesta via, sabedoria é prato do dia. Ironia em teoria, foi minha filosofia. Ninguém sabia que eu mentia. E sem saber o que virá, eu luto pela utopia, de ser um dia um cota feliz, com as cotas em dia.

about

PALAVRA DE RISCO baseia-se na procura de conquistar o equilíbrio entre a consciência lógica e a consciência emocional, ao longo de todo um caminho ao qual chamamos Vida.
O artista mergulha nos versos mais densos do seu íntimo, e leva-nos em viagens por métricas imprevisíveis; batidas e samples com sentimento; e lógicas emocionais.
A intenção é levar o ouvinte a velejar por vários temas, presentes nos dias de hoje, e dar a conhecer muitos dos defeitos do autor quanto pessoa.
A sua composição revela uma forte vontade em “tocar” na consciência do ouvinte, para que este sinta a empatia e se relacione tanto com os defeitos, quanto com as virtudes nesta incessante
busca por conhecer o próprio.
As letras são frutos de uma observação, exterior e interior, que desvenda atitudes e desconstrói emoções alheias e pessoais, a fim de entender a origem do que nos move, e o que necessitamos de fazer para ultrapassar as dúvidas que cada um tem a seu próprio respeito.
O valor pessoal é imune ao julgamento alheio.
É um álbum para todas as pessoas, em especial as que procuram o respeito mútuo, mesmo quando as opiniões divergem.

credits

released June 10, 2020

Eduardo Pina aka PINA (Baixo faixas "A Deus"; "Bom dia" e "Elegia")
Gonçalo Guiné aka GUINÉ (Baixo faixas "Véus" e "Sem palas"/Produtor da faixa "Fantasia do poder")
José Diogo Borges aka CAPITÃO (Designer de capa/Master/Produtor das faixas "Lição"; "Se tu soubesses"; "Peso do preço"; "A distorção de vivermos como reis")
Ricardo Oliveira aka OLIV (Produtor da faixa "Não há nada a perder")
David Mendes aka ETERNO (Voz na faixa "Que a rima valha")
Fernando Medina aka MEDINA (Participação na faixa "Sem palas")
Pedro Pereira aka PP (Participação na faixa "Véus")
Filipe Duarte aka DJ URSO PARDRADO (Scracth na faixa "Véus")
João de Carvalho aka JUKAMANO ( Refrão e voz na faixa "Não há nada a perder")
Patrícia Gomes (Modelo na capa)

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